Terapia e Mudanças significativas na vida
- Silvia Moraes

- 16 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
O que um terapeuta ou um cliente de terapia faz para o processo terapêutico ter sucesso? Ou para esse cliente sair da sessão bem sucedido? Vamos entender sucesso como ter um resultado diferente em teste psicológico ou uma mudança significativa e perceptível na vida. Novamente: o que acontece na terapia para uma pessoa realmente mudar?
Foi essa pergunta que um filósofo americano fez e pesquisou por mais de 2 décadas, dentro da Universidade de Chicago, para entender o que acontecia.
O grande mentor dessa pergunta foi Eugene Gendlin e, como ele estava dentro da Universidade, ele levou bem à sério esse questionamento a ponto de se tornar uma pesquisa científica. A partir da observação de milhares de sessões de terapia, Gendlin conseguiu desenhar um protocolo de atendimento, assim, seria possível não apenas observar se o terapeuta e cliente estavam num modelo que levaria ao sucesso terapêutico, como também, seria possível ensinar isso aos alunos, terapeutas e, claro, ensinar aos clientes.
Mas o que acontecia na sessão que pudesse garantir a mudança do cliente? Algumas hipóteses foram levantadas, como por exemplo o domínio e o tipo de metodologia utilizada pelo psicoterapeuta na sessão. De forma surpreendente, a metodologia não teve tanta relevância no resultado final em relação ao sucesso psicoterapêutico.
O que realmente fazia diferença era a forma como o cliente apresentava suas questões e a partir daí, como o cliente fazia contato e como ele sentia, percebia suas questões no seu corpo, nas suas emoções, na sua fala, na sua presença.
Bom, eu gosto de lembrar sempre, todo mundo, de que não tem ninguém melhor do que você mesmo para saber o que você precisa, o que seu corpo precisa. Ás vezes, você pode consultar um especialista, um técnico, você pode consultar um profissional que tem um conhecimento em uma área diferente da sua, que te ajude, te complemente. Mas ninguém sabe melhor do que você mesmo de você. E você sabe quando você está recebendo ajuda, quando faz sentido, você sente isso. Pode vir de alguém: “faça isso e sinta aquilo”, mas é com você, você e só você sabe o que você sente.
E foi isso que Gendlin observou em sua pesquisa, a capacidade das pessoas em entrar com contato com suas percepções sentidas em relação aos seus questionamentos terapêuticos. A forma como a gente fala sobre os nossos processos, a forma como a gente faz contato com nossas demandas e sentimos elas, isso faz toda diferença.
Então, se o que faz diferença é a forma como o cliente fala sobre como sente suas questões, isso significa que o espaço terapêutico é esse lugar de desenvolver uma linguagem de contato com o mundo interno de “como eu me sinto”. Pode ser um espaço novo, principalmente para nós, grandes pensadores desconectados do sentir... Por isso, a ideia é que a terapia sirva também de um lugar de aprendizagem de um novo idioma, chamamos de psico-educação. Um lugar onde vamos aprender a colocar palavras, sensações, percepções, metáforas, símbolos, cores, formas, enfim, vamos aprender a dar uma carinha, um contorno, para aquilo que a gente não sabe (?) mas que está aqui e sentimos. É uma forma de se expressar. Aprender a se expressar e fazer contato com aquilo que está dentro de mim. Apenas lembrando... isso estava dentro de uma Universidade e tem um protocolo, ou seja, a gente pode aprender! Aprender a fazer e a colocar isso no nosso dia-a-dia. O nome disso é Focalização.
Focalização tem um passo-a-passo e eu pratico isso na minha clínica, é uma das minhas ferramentas de trabalho. Se você se animou para aprender esse novo idioma, conta comigo, te espero 😉






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